Este livro foi escrito na esperança de contribuir, ainda que modestamente, para a tomada de consciência de uma ne-cessidade,
a de fazer todo o possível para impedir que as culturas humanas caiam no esquecimento. Uma das mani-festações mais elevadas e,
ao mesmo tempo, banalmente quotidianas, dessas culturas, são as línguas dos homens. As línguas, ou seja, muito simplesmente,
o que os homens têm de mais humano.
Tal como as civilizações, as línguas são mortais. No entanto, aos olhos das criaturas finitas
que somos, a morte das lín-guas tem algo de perfeitamente insólito e de exaltante: elas são capazes de ressurreição! Assim, o propósito
deste livro é muito simples. Ele pretende mostrar três verdades i primeiro, que as línguas , são provavelmente o que as nossas culturas
humanas têm de mais vivo; segundo, que elas são mortais e que morrem em quantidades impressionantes e a um ritmo assustador, se não se
lutar pela sua manutenção; terceiro, que a sua morte não é um aniquilamento definitivo e que algumas renascem, se se souber promovê-las.
Defender as línguas humanas na sua diversidade é mais do que defender as culturas humanas. É defender a própria vida dos homens.
CLAUDE HAGÈGE é professor no Collège de France. Recebeu, em 1995, a medalha de ouro do CNRS.
Autor de várias obras entre as quais A Criança de Duas Línguas publicada pelo Instituto Piaget.
C. H.