NAO A MORTE DAS LINGUAS

Instituto Piaget  2002

 

Este livro foi escrito na esperança de contribuir, ainda que modestamente, para a tomada de consciência de uma ne-cessidade, a de fazer todo o possível para impedir que as culturas humanas caiam no esquecimento. Uma das mani-festações mais elevadas e, ao mesmo tempo, banalmente quotidianas, dessas culturas, são as línguas dos homens. As línguas, ou seja, muito simplesmente, o que os homens têm de mais humano.

Tal como as civilizações, as línguas são mortais. No entanto, aos olhos das criaturas finitas que somos, a morte das lín-guas tem algo de perfeitamente insólito e de exaltante: elas são capazes de ressurreição! Assim, o propósito deste livro é muito simples. Ele pretende mostrar três verdades i primeiro, que as línguas , são provavelmente o que as nossas culturas humanas têm de mais vivo; segundo, que elas são mortais e que morrem em quantidades impressionantes e a um ritmo assustador, se não se lutar pela sua manutenção; terceiro, que a sua morte não é um aniquilamento definitivo e que algumas renascem, se se souber promovê-las.

Defender as línguas humanas na sua diversidade é mais do que defender as culturas humanas. É defender a própria vida dos homens.

CLAUDE HAGÈGE é professor no Collège de France. Recebeu, em 1995, a medalha de ouro do CNRS. Autor de várias obras entre as quais A Criança de Duas Línguas publicada pelo Instituto Piaget.

 

                                                                                                                                           C. H.